domingo, 9 de outubro de 2011

Mulheres de santa fé parte 1 - Proposto por Maria da Penha Gaspar Pereira

Lei Maria da Penha - Saiba tudo sobre

Comissões discutem o que fazer para deter violência contra LGBT

A Constituição da Problemática da Violência contra Homossexuais: a Articulação entre Ativismo e Academia na Elaboração de Políticas Públicas

De SILVIA RAMOS e SÉRGIO CARRARA

Violência contra Homossexuais (Câmara dos Deputados)

Pesquisas mostram aumento da violência contra homossexuais

http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/DIREITOS-HUMANOS/151535-PESQUISAS-MOSTRAM-AUMENTO-DA-VIOLENCIA-CONTRA-HOMOSSEXUAIS.html

Agressões causadas por homofobia, como as ocorridas em São Paulo e no Rio de Janeiro nas últimas semanas, estão longe de constituir casos isolados. Algumas pesquisas registram mais de 200 assassinatos de homossexuais por ano no País. Somados todos os tipos de agressão somente no Rio de Janeiro, de junho do ano passado até agora, já foram registradas 776 ocorrências.

De acordo com o superintendente de Direitos Individuais e Coletivos da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do estado, Cláudio Nascimento, os dados permitem fazer uma projeção segundo a qual o número de casos de discriminação da população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) atinge entre 10 mil e 12 mil por ano no País.

Conforme relatou o superintendente, desde junho do ano passado o Rio de Janeiro começou a utilizar a homofobia como motivo presumido de violência, com o objetivo de ter estatísticas oficiais sobre esse tipo de crime. O sistema, relatou, foi implantado em 132 delegacias do estado.

Os dados foram apresentados nesta quarta-feira durante o seminário Assassinatos praticados contra a população LGBT, organizado pelas comissões de Legislação Participativa e de Direitos Humanos e Minorias.

Notícias sobre a violência

De acordo com o antropólogo e professor emérito da Universidade Federal da Bahia, fundador do Grupo Gay da Bahia, Luiz Mott, o mais preocupante é que o registro de violência contra a população LGBT vem aumentando ao longo dos anos. “Nunca se matou tanto homossexual no Brasil quanto agora”, afirmou.

De janeiro a novembro deste ano, o pesquisador já contabilizou 205 assassinatos entre a população LGBT no País. Mott, que faz o levantamento desse tipo de crime desde 1960, relatou que, entre 1960 e 1969, foram 30 ocorrências; na década seguinte, chegaram a 41. De 1980 a 1989, o número de registros chegou a 369; saltou para 1.256 nos anos 90 e atingiu 1.429 casos na primeira década deste século.

Na média, entre 1995 e 2002, Mott chegou ao índice de um assassinato relacionado à homofobia a cada 2,9 dias. Já entre 2003 e 2010, o número de crimes chegou a um a cada 2,3 dias.

O levantamento, conforme explicou, foi realizado com base em notícias de jornais. Assim, ele acredita que a violência é ainda muito maior que a constatada em seus estudos. “Na verdade não é um assassinato a cada dois dias, todos os dias pelo menos um homossexual é assassinado”.

Jornais também foram a fonte da pesquisa Crimes Homofóbicos no Brasil: Panorama e Erradicação de Assassinatos e Violência Contra LGBT, realizada por Osvaldo Francisco Ribas Lobos Fernandez. No estudo, chegou-se a 1.040 mortes de homossexuais entre 2000 e 2007.

Fernandez também ressaltou que esse número refere-se apenas aos casos de maior repercussão. “A cada 66 horas foi publicada uma reportagem sobre o assassinato de um gay, e provavelmente os números são muito mais altos”, reforçou.

Urbanista e pesquisador associado ao Nugsex Diadorim, Érico Nascimento ressaltou que, quase sempre, as agressões ao público LGBT são praticadas por mais de uma pessoa. “Há casos em que um homossexual é vítima de 18 agressores; um presidiário chegou a ser atacado por mais de 100 detentos e morreu”, exemplificou.

Impunidade
O presidente da Comissão de Legislação Participativa, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), ressaltou que das mortes registradas no ano passado, “menos de 10% tiveram prisão ou responsabilização criminal dos assassinos”.

Para o deputado, diante dessa realidade, faz-se necessário, “mais que em qualquer outra circunstância”, realizar uma grande campanha de mobilização pela aprovação do projeto que criminaliza a homofobia, em análise no Senado. “Temos consciência de que uma lei, no primeiro momento, não vai mudar a cabeça das pessoas, mas vamos reduzir a impunidade”, defendeu.

Criminalização do preconceito

Duas mães de jovens vítimas de violência devido à homofobia também reivindicaram a aprovação da proposta. Angélica Ivo, mãe de Alexandre Ivo, jovem de 14 anos assassinado no Rio de Janeiro em junho deste ano, argumentou que “ninguém tem de tolerar ninguém, temos que conviver bem com a diversidade, com respeito à vida. Algo emergencial deve ser feito”.

Viviane Marques, mãe de Douglas Marques, baleado no Parque Garota de Ipanema (RJ) no último dia 14, segundo disse, por militares, também defende a aprovação de uma lei específica contra esse tipo de crime. “As pessoas têm que ter liberdade de ser quem são. Está complicado ser livre neste País”, sustentou.


Mobilização
O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) cobrou mais mobilização dos movimentos de defesa dos homossexuais. Sem isso, na opinião do deputado, dificilmente o Parlamento vai aprovar conquistas para a categoria. Segundo Alencar, “a maioria dos parlamentares não têm nenhum compromisso com os problemas levantados nesse debate”.

O antropólogo Luiz Mott aconselhou a população LGBT a mobilizar-se. “Uma medida simples, que qualquer um pode acionar, é cada vez que encontrar uma notícia ou manifestação homofóbica mandar uma cartinha desconstruindo esse monstro que é a homofobia”, disse Mott, que também é autor do livro Violação dos Direitos Humanos e Assassinatos de Homossexuais no Brasil.

Reportagem - Maria Neves

Edição - Regina Céli Assumpção

MOVIMENTO DE MULHERES NEGRAS

Por Maria da Penha Gaspar Pereira

No contexto de organização do movimento negro brasileiro não podemos nos esquecer do importante papel assumido pelas mulheres negras e suas organizações.

Apesar das transformações das condições de vida e papel das mulheres em todo o mundo, em especial a partir dos anos de 1960, a mulher negra continua vivendo uma situação marcada pela dupla discriminação: ser mulher numa sociedade racista, machista enegra numa sociedade racista.

Feministas negras costumam refletir. Algumas que asituação da mulher negra no Brasil, apesar dos avanços, ainda tem muito que muda. A mulher negra, que período escravista, atuava como trabalhadora forçada, após a abolição, passa a desempenhar trabalhos braçais, insalubres e pesados. Essa situação ainda é a mesma para muitas negras no terceiro milênio.

Mulher negra tem sido aquela que cuida da casa e dos filhos de outras mulheres para que estas possam cumprir uma jornada de trabalho fora de casa. Sendo assim, quando falamos que a mulher moderna tem como uma da sua característica a saída do espaço domestico, dacasa para ganharo espaço publico da rua, do mundo do trabalho, temos que pondera que, na vida e na história da mulher negra,a ocupação do espaço público da rua, do trabalho fora de casa já é uma realidade muito antiga.

A compreensão e sensibilidade para com a história específica das mulheres negras nem sempre ocupam a atenção do movimento negro de um modo geral e nem do movimento feminista. Isso levou as mulheres negras a questionarem a ausência da discussão do gênero articulada com a questão racial dentro do movimento feminista e do movimento negro e a iniciarem uma luta específica. É assim que começa a se organizar o movimento de mulheres negras que hoje, conta com vários tipos de entidades, em diferentes lugares do Brasil, com tendências, concepções políticas e atuação variadas.

As mulheres negras também se organizam em Organizações Não-Governamentais(ONG’s) e têm realizado vários trabalhos de denúncia contra o racismo, cursos, palestras, projetos e debates sobre: educação sexual, saúde produtiva, doenças sexualmente transmissíveis, concepção e nascimento, doenças étnicas, direitos humanos, educação, entre outros.

Para refletir um pouco mais sobre a situação de mulher negra no Brasil, vamos ler dois artigos da mulher negra, escritora e feminista Alzira Rufino, fundadora da Casa de Cultura da Mulher Negra (Santo-SP) e editora da Revista Eparrei..Esses artigos publicados em 2003, nos ajudam a entender um pouco da história das mulheres negras e de sua luta em prol de uma maio igualdade de gênero, social e racial.

Munanga, Kabengele, Gomes Lino, NilmaO Negro no Brasil Hoje. São Paulo: Global, 2006 – (coleção para entender)

Avanço das Mulheres. Que Mulheres?

Décadas de avanço no status das mulheres em todo o mundo e no Brasil, e a mulher negra continua associada às funções que ela desempenha na sociedade colonial imediatamente após a abolição. É, em sua maioria empregada doméstica, a lavadeira, faxineira, a cozinheira. É a trabalhadora que saiu dos trabalhos forçadosdo escravismo diretamente para os trabalhos braçais. Mais insalubres mais pesados, nesta virada do terceiro milênio.

As estatísticas mostram os avanços dasmulheres no Brasil. O censo de 1980 mostra em que profissão há maior concentração feminina: empregada doméstica, secretárias, professoras, vendedoras/balconista e enfermeiras.

Uma década depois em 1990 existem cerca de trinta mil altas executivas, as mulheres eram 62% dos profissionais de Medicina, 42% dos diplomados em Direito, 19% na Imprensa, ocupando 2.301 cargos de juízes no Judiciário.

Basta no entanto, percorremos esses espaços de decisão ocupados pela mão-de-obra feminina para constatarmos que a maioria das mulheres negras não está lá, está ainda nas funções tradicionais, ou seja limpando a sala da diretori, da médica, da advogada, da redação dos jornais, dos tribunais, em resumo, limpando a sala das decisões.

Enquanto as mulheres brancas estão rompendo estereótipos e atingem números significativos em áreas antes restritas aos homens, as mulheres negras ainda têm que lutas para ter acesso a funções como secretáriasou recepcionistas, ocupações tidas como “feninas”, mas que podem ser melhos descritas como “femininas e brancas.”

Mesmo com diploma de curso universitário, poucas mulheres negras conseguem exercer a profissão para qual estudaram arduamente. Não são tão raros os casos em que tem que continuar trabalhando como empregada domestica e faxineirasapesar de terem o curso superior. Aliás, as trabalhadoras domésticas são negras, em sua maioria, e é fácil perceber o porquêda lentidão no reconhecimento de seus direitos trabalhista e por que apenas 1/3 tem carteiraassinada. Mesmo com a implementação da Lei recentemente ainda algumas empregadoras se omitem a reconhecer os direitos dessas trabalhadoras.

(Alzira Rufino. Avanço das mulheres. Que mulheres? Eparei. Santos n4, ano II, p.12-13)

I Conferencia Municipal de Políticas Públicas e Direitos Humanos LGBT da Serra. Tema : “Cidadania LGBT: por uma Serra sem Discriminação”.

Por Maria da Penha Gaspar Pereira

Movimento Social da Serra/ES continua fazendo história em prol dos Direitos Humanos.

 
Aconteceu nos dias 27 e 28/08/11, no CRAS de Laranjeiras, a I Conferencia Municipal de Políticas Públicas e Direitos Humanos LGBT = Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais da Serra, com o tema : “Cidadania LGBT: por uma Serra sem discriminação”.

Na sua abertura tivemos a presença do Sub-Secretário de Direitos Humanos do Espírito Santo, Perly Cipriano, da Vice-Prefeita do Município Madalena Santana, do Secretário Municipal de Direitos Humanos Cléber Lanes, do Deputado Estadual Roberto Carlos, das Vereadoras Lourência Riani , Sandra Gomes , do Coordenador do Fórum Municipal LGBT da Serra Gean Carlos, dos membros da Coordenação Colegiada do Fórum Estadual e residentes na Serra/ES Cleber Teixeira, Deborah Sabará e Antonio Lopes que são moradores de nossa cidade e tem atuação em nível local, estadual e nacional.

Nos dois dias o evento contou com a presença de mais de 130 participantes; cerca de 45 propostas para o segmento LGBT para as três esferas de poder; Palestra Magna; Sorteio de brindes; shows de drags com Kiara Londres e Marisa; exibição do Curta “Eu não quero voltar sozinho”; de vídeos contra a homofobia produzido pelos alunos da EEEFM Hilda Miranda Nascimento – Porto Canoa = Serra/ES e retirada de delegados para a Conferência Estadual.

Foi de grande valia o apoio dos parceiros como a AGES = Associação de Gays do Espírito Santo, Centro de Testagem e Aconselhamento DST-Aids, Equipe do Babado Certo, Excentric Produções e Eventos Jornal ES Hoje; Space Pub – Vila Velha/ES; Thermas Loft Sauna – Parque Moscoso - Vitória/ES.

Também agrademos aos funcionários da Sedir e demais servidores e técnicos da Prefeitura da Serra/ES que auxiliaram no evento e a equipe organizadora do mesmo, formada pela ACARD (Associação Capixaba de Redução de Danos), Associação de Mulheres Unidas da Serra, Fórum Municipal LGBT, Fórum Chico Prego, Secretaria Municipal de Educação e Secretaria de Direitos Humanos da PMS.

Especial agradecimento ao CDDH por disponibilizar o local de nossas reuniões e especialmente por nos acolher e estar em favor das lutas pela dignidade do ser humano e ainda ao Prefeito Sérgio Vidigal, pela convocação deste importante Conferência, que é um feito inédito na história de nosso município, estado e do Brasil. Na verdade o Espírito Santo está sendo considerando por alguns militantes como o estado que mais convocou Conferencias LGBTs no país. Um exemplo disto, que com exceção de Fundão, todos os demais municípios convocaram seus cidadãos para a Etapa Municipal.

Entendemos que o movimento LGBT tem tido importante conquistas na atualidade. Resultado de uma militância aguerrida e comprometida com a dignidade da pessoa humana independentemente de sua orientação sexual, opção religiosa, classe social ou distinção racial.

“Não queremos obrigar ninguém a gostar disto ou daquilo, o que queremos é respeito e cidadania a todos e todas as pessoas, sejam elas hetero ou homossexuais” afirma o Coordenador do Fórum LGBT da Serra, Gean Carlos que na ocasião convida a todos para a II Semana da Cidadania LGBT da Serra, entre os dias 04 e 14/11, sendo que no Domingo 13 de Novembro terá o Manifesto LGBT na Praia de Jacaraípe.

O coordenador encerra falando que as propostas e fotos da Conferencia estão no site
www.cidadanialgbtserra.blogspot.com e que maiores informações e convites para palestras em escolas, faculdades, etc... poderão ser feitas através do e-mail: forumlgbtserra@hotmail.com.

Notícias do Cotidiano: Falando da Violência Contra a Mulher

Por Marília Ribeiro de Oliveira

Não tem como negar, a violência contra a mulher esta ganhando grandes proporções que vem sendo motivo de grandes debates em nossa sociedade. De todas as formas busca-se acabar com este mal, fortalecendo as políticas públicas para proteção da mulher, através de leis e equipamentos públicos capazes de atender a mulher vítima de violência doméstica. Mas, ainda não alcançado de forma suficiente para o combate efetivo.

A cada dia vemos estampado em jornais, notícias que trazem a mulher como vítima de uma brutalidade sem sentido e sem necessidade. Notícias que falam de casos de brutalidade pelo menor dos motivos, aqueles mais fúteis e que poderiam ser resolvidos a partir de uma simples conversa.

Veja alguns exemplos noticiados pelo Jornal A Tribuna/ES:

·         20/09/2011 – Garota cansa de apanhar e mata o marido a facadas: por ciúmes, marido agride jovem de madrugada e na tentativa de se defender ela pega faca e desfere uma facada no pescoço dele. Destaco que o marido havia sido detido há um mês pelo mesmo motivo: violência contra a mulher.

·         02/10/2011 – Professora denuncia marido por agressão: professora de 29 anos, casada há 03 anos com um instrutor de auto-escola, sem filhos. Após discussão por ciúmes da mulher, o marido exaltado e nervoso agride a esposa e a arrasta pelo braço até o banheiro, apertando o seu pescoço. A mulher grita e o marido a solta. Após o ocorrido a mulher aciona a polícia e o marido é detido no local sendo conduzido à delegacia para responder por lesões corporais.

·         09/10/2011 – Mulher não aceita fazer jantar e é morta: uma mulher de 55 anos de idade, casada há 11 anos com homem de 58 anos, sem filhos. Relação já abalada há cinco anos, vivendo em constante clima de ofensas pessoais, se desentendem e brigam por que marido pede que a mulher faça o jantar e ela se recusa, jogando a carne que ele comprou no chão. Levando assim, o marido a um momento de fúria, na qual ele mata a mulher com duas facadas.

Esses são apenas alguns exemplos, mas quem tem o costume de ler jornal acaba que quase diariamente fazendo leitura de notícias policiais que envolvem algum tipo de violência doméstica. Notícias que falam do desamor e desrespeito existente entre homens e mulheres, onde conversas parecem não ser mais o meio para resolver qualquer tipo de conflito familiar, onde atos de carinhos são substituídos por socos, porradas, xingamentos e humilhações.  Não havendo limites para os atos de violência doméstica, ocorrendo em razão da imposição dos homens sob as  vontades das mulheres. Em muitos casos sendo entendido como uma forma que o homem encontrou de querer mostrar-se superior as mulheres através da força física ou mental.

A violência não se limite a um ambiente, ela pode estar presente em qualquer tipo de classe social, independente de ser pobre ou rico e também não se detém a nenhum tipo de grau de escolaridade. É fato que ainda não há definição de um cenário específico com maior ocorrência de atos violentos contra a mulher. Ainda nos deparamos com uma população feminina que teme muito o seu agressor e por isso se escondem e omitem a violência que sofrem deixando impune aquele que deveria estar cumprindo algum tipo de pena pelas atitudes de violência que exerce contra a mulher.

As mulheres em sua grande maioria temem não só o agressor, mas temem as conseqüências da denúncia. Muitas não têm profissão, vivem o seu dia a dia exercendo atividades do lar, cuidando da casa e dos filhos. Por isso, acabam temendo que a vida fique mais difícil sem o homem, pois, logo a mulher pensa em como irá pagar as contas, como irá criar os filhos sozinha, como a família e os vizinhos irão vê-la, além de que muitas mantêm um laço forte de amor com o agressor, que pelo medo de perdê-lo preferem deixar tudo do jeito que está. O fato da dependência financeira e emocional acaba pesando e faz com que a mulher prefira viver no sofrimento, acreditando que o companheiro/marido irá mudar.

De tudo que possa ser dito, é fato que a mulher que sofre violência perde sua autonomia, liberdade, independência e auto-estima, ela teme a tudo e a todos. Tem medo de encarar a vida e os problemas de frente. Se sentem sozinhas, envergonhadas, como se estivessem em um beco sem saída. Muitas se abrem com amigas e familiares, mas a grande maioria não tem coragem de fazer a denúncia.                              

Nos exemplos citados, podemos imaginar várias soluções para os casos, como a separação e a conversa franca e aberta. Essa visão é de quem esta de fora da relação e de todo o contexto familiar, pois, quem esta vivendo a situação tem grande dificuldade de enxergar soluções práticas e viáveis, tem dificuldade em tomar um posicionamento de se libertar do outro de forma na qual cada um possa viver a sua vida.

Com as políticas públicas existentes em nosso país voltadas para as mulheres podemos dizer que tivemos um grande avanço em combater essa manifestação de relação de poder entre homem e mulher, mas ainda precisamos avançar mais e criar meios mais eficazes e eficientes que tragam realmente a credibilidade de um serviço de proteção à mulher que tem a coragem de denunciar. Pautar as ações em ações de crescimento do sexo feminino, visando a autonomia, a elevação da auto-estima e o respeito de si mesma, com o intuito de que assim, as denúncias sejam realmente feitas.


Referências:

HEILBORN, Maria Luiza; ARAUJO, Leila; BARRETO, Andréia (Orgs).Gestão de políticas públicas em gênero e raça/GPPGR: módulo 2.Rio de Janeiro: CEPESC;Brasília: Secretaria de Políticas para as Mulheres, 2010.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Trabalhando Conceitos

Por Marília Ribeiro de Oliveira

A violência doméstica é um problema de ordem universal que vem atingindo cada vez mais várias pessoas de forma velada, silenciosa e dissimulada. Tal violência é tida como aquela que ocorre no seio familiar e dentro de casa, entre pessoas unidas por um laço familiar sanguíneo ou de amor. Incluindo práticas como agressão física, psicológica e sexual, independente de grupos sociais, classe econômica, religiosa ou cultural. Em se tratando da situação entre homens e mulheres, verificamos que a violência contra a mulher tem um índice muito elevado. Talvez sem condições de determinar valores certos, visto que existem muitas mulheres que optam por não denunciar o agressor, devido ao medo, ao amor que sentem pelo agressor, o medo de desfazer a família, a dependência financeira e outros. Os motivos que levam uma mulher a não denunciar o agressor, estão extremamente ligados a desigualdade de gênero, visto que as desigualdades entre homens e mulheres esta refletida nas dificuldades enfrentadas pelas mulheres em seu cotidiano, em sua inserção no mercado de trabalho e nas dificuldades de acesso a serviços. Querendo ou não, ainda permanece a situação de que tudo para o homem é muito mais fácil do que para as mulheres. Querendo ou não, ser vítima de violência doméstica e ter condição de denunciar o agressor e buscar por justiça, ainda não é uma situação tão fácil para quem vivencia o problema. Tudo no papel, tudo que sai da boca ... palavras belas e singelas... não são difíceis de dizer, mas vivenciar a prática fora da teoria ainda carrega um pesar grande.

Empoderamento é um outro conceito que me chama bastante atenção, pois, é uma condição ou meio que o indivíduo adquire para fazer mudanças, a partir de ações que o levam a se fortalecer e conseqüentemente a evoluir dentro de uma sociedade. E sem sombra de nenhuma dúvida, hoje, as mulheres (infelizmente não a sua grande maioria) têm buscado cada vez mais ou seu empoderamento. Leis de proteção a mulher estão surgindo a partir das lutas dos movimentos sociais e feministas, as mulheres estão cada dia mais buscando sua qualificação educacional e profissional, sendo a educação um processo de ensinar e aprender, que favorece a socialização entre indivíduos e os oportuniza a estarem inseridos no mercado de trabalho. Infelizmente, não de forma igualitária, pois a mulher ainda sofre com os preconceitos profissionais e acaba exercendo função igual à de um homem e em muitos casos ganhando muito menos do que eles. Desigualdade salarial é a diferença da renda entre os indivíduos e que se destaca mais entre a diferença de renda entre homens e mulheres. Tal situação é um problema de ordem econômica e social e que deve começar a ser discutida com mais seriedade e comprometimento no âmbito da política.

Tratando-se então de violência contra a mulher faz-se necessário uma breve apresentação para entendimento sobre o s serviços de atendimento a mulheres em situação de violência, que são:

Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs) - política pública pioneira no Brasil e na América Latina no enfrentamento à violência contra a mulher, a primeira DEAM foi implantada em 1985, em São Paulo. As delegacias se caracterizam como uma porta de entrada das mulheres na rede de serviços, cumprindo o papel de investigar, apurar e tipificar os crimes de violência contra a mulher. As DEAMs vinculam-se aos sistemas de segurança pública estaduais e nossa ação junto a elas se dá em parceria com a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) do Ministério da Justiça.

Defensorias Públicas da Mulher - que são uma política pública inovadora e recente, constituindo uma das formas de ampliar o acesso à Justiça e garantir às mulheres orientação jurídica adequada, bem como o acompanhamento de seus processos.

Casas Abrigo - até 2002, a Casa Abrigo era tida como uma das políticas prioritárias no enfrentamento à violência contra a mulher sendo, muitas vezes, o único equipamento disponível em alguns dos municípios brasileiros. Contudo, na avaliação da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres, a implementação dessa política tem pouca sustentabilidade e baixa efetividade se desarticulada de outros equipamentos. Nesse sentido, a SPM passou a dar prioridade a projetos de Casas Abrigo que atendam a uma micro-região, onde já existam outros serviços, configurando uma rede mínima de atendimento.

Serviços de Saúde - outra importante porta de entrada das mulheres em situação de violência na rede dos serviços públicos. Os serviços de atendimento a casos de violência sexual e estupro realizam também a distribuição da contracepção de emergência, pílula do dia seguinte, que faz parte do protocolo de atenção aos casos de estupro.

Referência:
HEILBORN, Maria Luiza; ARAUJO, Leila; BARRETO, Andréia (Orgs).Gestão de políticas públicas em gênero e raça/GPPGR: módulo 2.Rio de Janeiro: CEPESC;Brasília: Secretaria de Políticas para as Mulheres, 2010.

Fonte de pesquisa:

<http://www.violenciamulher.org.br/index.php?option=com_content&view=category&id=17&Itemid=11>

Algumas informações de Delegacias e Centros de Atendimento à Mulher Vítima de Violência

Por Marília Ribeiro de Oliveira

Para conhecimento e divulgação.
Segue abaixo alguns contatos de instituições que atendem as mulheres vítimas de violência.

LIGUE 180 – Central de Atendimento à Mulher
Serviço Gratuito da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, para orientação das mulheres vítimas de violência doméstica.
Funcionamento 24 horas. Todos os dias.
Vamos divulgar !!!!

Disque Denúncia Vitória/ES – Tel: 0800-39944

Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher Santa Luiza/Vitória – ES - Atendimento: 2ª a 6ª feira das 8h às 18h
Tel: (27) 3137-9115

Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher Campo Grande/Cariacica – ES - Atendimento: 2ª a 6ª feira das 8h às 18h
Tel: (27) 3136-3118

Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher Centro/Guarapari – ES - Atendimento: 2ª a 6ª feira das 9h às 18h
Tel: (27) 3161-1220 / 3161-1031

Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher Laranjeiras/Serra – ES - Atendimento: 2ª a 6ª feira das 8h às 18h
Tel: (27) 3138-1077

Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher Sagrado Coração de Jesus/Colatina – ES - Atendimento: 2ª a 6ª feira das 9h às 18h
Tel: (27) 3137-7120 / 3721-5818

Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher Centro/Linhares – ES – Atendimento: 2ª a 6ª feira das 9h às 18h
Tel: (27) 3264-2377

Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher Prainha/Vila Velha – ES – Atendimento: 2ª a 6ª feira das 8h às 18h
Tel: (27) 3388-2481

Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher Centro/Aracruz – ES – Atendimento: 2ª a 6ª feira das 9h às 18h
Tel: (27) 3256-1181

Centro de Atendimento à Vítima de Violência – CEAV: Centro/Vitória
Horário de Atendimento: 08h às 17:30h
Tel: (27) 3522-0282

PAVIVIS – Programa de Atendimento às Vítimas de Violência Sexual
Centro Biomédico/UFES – Maruípe/ES
Atendimento: 2ª a 6ª feira das 8h às 18h
Te: (27) 3335-7184

Divisão de Atendimento a Violência IntraFamiliar – DAÍ Itararé – Vitória/ES – Atendimento: 2ª a 6ª feira das 7h às 19h
Tel: (27) 3382-5467 / 3382-5466 / 3382-5465 / 3382-5464

Hospital Universitário Cassiano A. de Morais – Vitória/ES
Tel: (27) 3335-7184

A MULHER NUMA NOVA INTERFACE

Por Eudes da Silva Gomes

Diante de tantas diferenças as mulheres podem ser elas: engajadas na política, feministas contemporâneas, negras, indígenas, trabalhadoras urbanas ou rurais, lésbicas ou jovens todas têm feito a diferença neste mundo que ainda predomina a hierarquia de gênero. Com tudo sabemos que várias bandeiras estão sendo defendidas com esforços incansáveis de mulheres de variados grupos que por mais parecidos, possuem individualizações. Que por mais repetitivo que possa parecer são de extrema necessidade para exprimir as vontades destes grupos através de participações em comitês internacionais, assembléias gerais, passeatas e reuniões internas e externas. Atitudes que parecem ser simples, mais que na sua ausência se faz a predominância do machismo ou da igualdade as avessas que sempre que pode gera segregação, por isto, que praticamente em todos os setores a mulher vem ocupando seu espaço, mesmo que não tenha a permissão do homem para ocupar um espaço antes destinado a eles.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Homenagem a Mulher Negra - Por Marília Ribeiro de Oliveira

Mulher Negra

I
Do tempo das amas-de-leite,
das senzalas e mucambas,
Aind’há quem te desfeite,
(Do tempo das amas-de-leite)
quem deboche teus enfeites,
e te faça a vida tirana
Do tempo das amas-de-leite
das senzalas e mucambas.
II
Ser mulher e, negra, também ser,
é sentir, em dobro, a dor,
é lutar e sobreviver.
Ser mulher e, negra, também ser,
é por duas sempre valer,
é desdobrar o seu valor
Ser mulher e, negra, também ser,
é sentir, em dobro, a dor.
II
É guardar dentro do peito,
o grito da liberdade,
qual o mais doce confeito.
É guardar dentro do peito,
a esperança dum mundo feito
de paz e igualdade
É guardar dentro do peito,
o grito da liberdade.
IV
É ser sempre a guerreira,
vencendo obstáculos,
e tomando a dianteira.
É ser sempre a guerreira,
e vencer, à sua maneira,
desta vida os percalços
É ser sempre a guerreira,
vencendo obstáculos,
V
Mulher negra, negra mulher,
fica aqui esta homenagem,
de um poetinha qualquer.
Mulher negra, negra mulher,
venha o tempo que vier,
és sinônimo de coragem.
Mulher negra, negra mulher,
fica aqui esta homenagem.
Autor: Jorge Linhaça