domingo, 31 de julho de 2011

A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA DENTRO DO PROCESSO DE FORMAÇÃO DO SUJEITO NO AMBIENTE ESCOLAR

Por Marília Ribeiro de Oliveira
Antes de iniciarmos a discussão de que trata este texto, faz se necessário fazermos algumas considerações em torno do tema família e entender o que é e o que representa esta entidade para a sociedade, diante de sua participação no processo de formação de um cidadão.
Nos tempos de hoje, podemos perceber diversos tipos de arranjos familiares, que fogem do padrão família nuclear. Padrão este, por tanto tempo destacado como único modelo de aceitação dentro de nossa sociedade.
Enquanto pessoas, temos uma grande falha constitutiva de nossa natureza humana que é a aceitação do que é “diferente” de nós. O que nos leva a uma incapacidade de absorver os novos arranjos familiares emergentes em nossa sociedade, mesmo diante de vários discursos modernizantes de grupos ou movimentos sociais que defendem a causa.
Vivenciamos uma era de mudanças e mesmo com dificuldades, estamos em uma era de entender e aceitar as novas representatividades familiares, seja ela padronizada por uma formação da união de homem e mulher, seja ela formada pela união de um casal homossexual, seja ela formada por mulher ou homem na condição de solteiros que optam por terem filhos independentes e por aí vai. Assim, se pensarmos no conceito de família baseado que é uma entidade de convivência, que esta ligada por laços afetivos, não há importância de como ela é ou será formada. Desde que prevaleçam os conceitos básicos da boa convivência, da responsabilidade e da respeitabilidade de espaços, de direitos, de deveres e de opções de vida.
Considerando a família como sendo um dos principais agentes existentes que propiciam o processo de socialização entre os indivíduos, bem como sua formação, através da reprodução de geração em geração de valores sociais, conhecimentos culturais, habilidades e atitudes muitas vezes padronizadas, é que iniciaremos a nossa discussão em torno da participação da família dentro do processo de formação do sujeito no ambiente escolar.
Quando falamos de educação, devemos pensar que este é um princípio importantíssimo na construção do sujeito, juntamente com a participação da família. Precisamos ter em mente, que a família deve estar presente em todos os momentos da vida do sujeito, a qual envolve momentos sociais, de confraternização, de lazer, dentre outros, não sendo então, diferente essa participação na vida escolar.
O momento de interação entre escola e família, deve ser destacado como ponto relevante no contexto das mudanças que este trabalho em conjunto é capaz de fazer na vida de um educando. Assim, em uma análise ampla, podemos dizer que os espaços, educacional e familiar tecem relações que possibilitam instrumentalizar o sujeito nas suas relações com o ambiente social a qual ele esta inserido cotidianamente.

DISCUTINDO AS OPINIÕES DA FAMÍLIA E DA ESCOLA
A participação da família nas atividades relacionadas ao ambiente escolar envolve conceitos e pré-conceitos que foram formados ao longo de nossa história. Sabemos que existem barreiras quanto à dinâmica de estabelecer parâmetros para aceitação de opiniões divergentes existentes entre pais e educadores. Alguns pais acham que os filhos são injustiçados, outros acham que os educadores não fazem nada, que não cobram o educando como deveria ser cobrado e exigem muitas vezes que o educador exerça um papel que faz parte do “pacote” familiar e não educacional. Por outro lado, encontramos educadores que não conseguem lidar com as problemáticas e indisciplinas de alguns alunos, culpabilizando os pais por não terem regras dentro de casa e ainda existem aqueles educadores que escutam as queixas dos pais, mas não concordam e não aceitam a opinião dos responsáveis pelo educando. Fechando se em um mundo onde só prevalece a sua opinião profissional de educador. Obviamente, estes casos citados não são regras gerais, fazendo parte (mesmo que gradativamente) de nossa atual realidade, a busca incessante por aproximar pais e educadores no processo de formação escolar do sujeito. Tal dinâmica de trabalho, ainda não alcançou o seu total êxito, pois, ainda falta galgar muitos caminhos para que ocorra a total efetividade quanto a este tipo de interação.
Educar tem sido tarefa difícil nos últimos tempos, pois, no mundo globalizado com excessos de modernidade e tecnologia, além da preocupação focada no crescente sistema capitalista, impedem que atitudes simples de conhecer e participar da vida cotidiana dos filhos fica para último plano. O que conseqüentemente afeta o envolvimento de pais, alunos e educadores em uma teia de discussão educacional. Buscando consolidar a educação e a formação de um cidadão tanto no convívio familiar quanto no convívio escolar.

FORMAÇÃO DO CIDADÃO
Como já foi dito inicialmente, a formação familiar é algo que vem sendo discutida mundialmente, devido às mudanças profundas e significativas que tem sido apresentada quanto aos arranjos familiares atuais. Tais transformações acarretam, obviamente, nas dificuldades de estabelecer as identidades, comportamentos e identificação dos valores sociais, culturais, étnicos e até mesmo religiosos.
Dentro do contexto descrito acima, faz se necessário que a parceria entre família e escola seja realmente efetivada e seja de plena cumplicidade para discussão de ações e assuntos pertinentes a formação do indivíduo. A efetividade e fortalecimento da parceria entre escola e família tende a propiciar formas democráticas de acesso à mobilidade e a inclusão social.
A Constituição de 1988 traz a responsabilidade da família e do Estado, neste aspecto, por que não dizer humanizador, do direito de todos quanto à educação, como um preparo ao exercício da cidadania e conseqüentemente contribuidor na formação de um cidadão pleno, sem nenhum tipo de discriminação.
Parando para pensar, a família e a escola formam uma equipe com um objetivo principal, o de educar e formar um cidadão. Sendo então, necessário que ambos sigam uma mesma linha de princípio e critério, estabelecidos dos conceitos atuais e diversidades sociais existentes em nossa sociedade. Para que dessa forma, a formação não encontre divergências nas diversas formas de manifestações sociais existentes quanto a gênero, classe, etnia, religião, cultura e outros. Para que dessa forma, os educandos possam ter senso crítico quanto à respeitabilidade em relação à diversidade existente na população mundial.
Cada um deve fazer um pouquinho, cada um tem sua parcela de responsabilidade, além da responsabilidade comum a ambos, assim, cada um fazendo a parte que lhe cabe, com certeza poderemos trilhar um caminho de sucesso focado na igualdade de direitos e deveres como parte da vida das gerações futuras.
O trabalho em conjunto dos dois espaços citados, quando realizado em conjunto favorece na formação de sujeitos com características sociais que farão parte da construção da sociedade atual e futura. Faz também, com que possa ser trabalhado com maior destaque e propriedade o reconhecimento do sujeito, enquanto detentor de direitos e com conhecimentos suficientes para se sentir em condições de fazer parte da sociedade como um indivíduo igual a todos, com habilidades e capacidade para fomentar a sua participação na sociedade enquanto um ser realmente pensante e articulador de idéias e com ideais que podem mudar a realidade de um povo e com capacidade de aceitação das diferentes diversidades que farão parte de seu convívio social. Somando a isso tudo, o trabalho dinamizado e igualitário do que tange a educação favorecerá a qualidade de vida do indivíduo afetando de forma positiva a sua auto-estima para lutar e mudar sua condição de vida futura.
Referência:
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1988.

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