Somos um grupo de estudantes da Pós-graduação em Gestão de Políticas Públicas em Raça e Gênero (UFES). Com este blogfólio queremos apresentar de maneira acessível saberes e fazeres, memórias e desejos frente ao universo plural, social, e tantas vezes desigual que nos cerca. São membros colaboradores:Eudes da Silva Gomes, Ednéia Oliveira, Maria Dalva P. de Souza, Diemerson Saqueto e Marília Ribeiro de Oliveira.
domingo, 11 de dezembro de 2011
O Mito da Democracia Racial Brasileira
Brancos ganham 40% mais do que negros, diz IBGE (presente no canal de Notícias do Terra)
Brancos ganham em média 40% a mais do que negros ou pardos com a mesma faixa de escolaridade, segundo dados da Síntese de Indicadores Sociais 2007, divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa considerou os rendimentos-hora de acordo com grupos de anos de estudo.
O levantamento também apontou que os negros ou pardos são maioria entre os pobres, enquanto brancos são minoria. A distribuição entre os 10% mais pobres e o 1% mais rico mostra que negros e pardos eram mais de 73% entre os mais pobres e somente pouco mais de 12% entre os mais ricos.Por sua vez, os brancos eram, em 2006, 26,1% dos mais pobres e quase 86% na classe mais favorecida. De acordo com o IBGE, as desigualdades se verificavam em todas as grandes regiões do País.
A Síntese dos Indicadores Sociais 2007 - Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira foi baseada nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgados pelo próprio instituto no último dia 14 de setembro. O Pnad é realizado anualmente e entrevistou 410.241 pessoas, em 145.547 domicílios em todo o Brasil, em 2006.
IBGE: 69,4% dos analfabetos do País são negros (Noticiado pelo canal de notícias do Terra)
O número de negros ou pardos que estão entre os 14,4 milhões de analfabetos brasileiros é de 10 milhões, o que representa 69,4% do total. De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais 2007, divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o analfabetismo atingia, em 2006, 6,5% do total de brancos e 14% do total da população negra e parda, considerando-se a idade de 15 anos ou mais.
A taxa de analfabetismo funcional também era muito menor para brancos (16,4%) do que para negros (27,5%) e pardos (28,6%). A média de anos de estudo da população de 15 anos ou mais de idade mostrava uma vantagem de 2 anos para brancos (8,1 anos de estudos), em relação a negros e pardos (6,2).O levantamento também mostra que aumentou o número de negros entre os estudantes de nível superior, apesar de ainda ser em um percentual menor que o de brancos. Na faixa etária entre 18 e 24 anos, 56% dos estudantes de nível superior eram brancos e apenas 22% eram negros. Em 1996, essa distribuição dos estudantes, nessa faixa de idade, era de 30,2% para os brancos e 7,1% para os negros e pardos.
Entre as pessoas de 25 anos ou mais de idade que alcançaram 15 anos ou mais de estudo, ou seja, haviam completado o nível superior, o número de brancos também supera o de negros. Em 2006, apenas 8,6% possuíam esse nível de escolaridade, sendo que, nesse grupo, 78% eram de cor branca, 3,3% de cor preta, e 16,5% eram pardos. Mais de 12% dos brancos haviam concluído o terceiro grau, enquanto para negros e pardos a participação não alcançava 4%.
A Síntese dos Indicadores Sociais 2007 - Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira foi baseada nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgados pelo próprio instituto no último dia 14 de setembro. O Pnad é realizado anualmente e entrevistou 410.241 pessoas, em 145.547 domicílios em todo o Brasil, em 2006.
EU-MULHER (Conceição Evaristo) - I-WOMEN
me escorre entre os seios.
Uma mancha de sangue
me enfeita entre as pernas
Meia palavra mordida
me foge da boca.
Vagos desejos insinuam esperanças.
Eu-mulher em rios vermelhos
inauguro a vida.
Em baixa voz
violento os tímpanos do mundo.
Antevejo.
Antecipo.
Antes-vivo
Antes - agora - o que há de vir.
Eu fêmea-matriz.
Eu força-motriz.
Eu-mulher
abrigo da semente
moto-contínuo
do mundo.
UM SOL GUERREIRO (Celinha) - A SUN WARRIOR
porque o choro emudeceu
nos meus lábios
O grito calou-se
em minha garganta
o sol da meia-noite
cegou-me os olhos...
Sou noite e noite só
O meu sangue espalhou-se
pelo espaço
E o céu coloriu-se de um tom avermelhado
como o crepúsculo
E eu cantei
Cantei porque agora a chuva
brotará da terra.
As sementes de todos os frutos
cairão sobre os nossos pés
E germinaremos juntos
Embora tu não possas mais
tocar as flores deste jardim, eu sei
Mas o teu solo é livre
Cante, menino,
cante uma canção que emudeça os prantos,
que repique os ataques
e ensurdeça os gritos
Porque amanhã não haverá mais
nenhum resto de esperança
não haverá mais um outro amanhecer,
pois certamente muito antes
de surgir um novo dia
um sol, guerreiro, há de raiar
à meia-noite, para despertar o teu sono,
Como uma nova alvorada.
Aqui o texto completo de Alex Ratts - Eu sou Atlântica - dialogando com a obra de Maria Beatriz Nascimento
Poema Consciência Negra
Sou filha da África,
Dos olhos de pérolas,
Do sorriso de marfim,
Dos sons dos atabaques em noite de luar,
Da roda de capoeira,
Do jongo ao maculelê.
Sou da raça que irradia perfume de alegria.
Sou semente da história humana,
De vida apesar de tanta dor.
Dos canaviais e senzalas,
Das mãos calejadas, exploradas e injustiçadas.
Podem tirar a minha vida,
Menos o direito de sonhar,
De ter esperança...
De lutar por dignidade e respeito,
Nem que seja em grito mudo,
Clamando por igualdade e justiça,
E de acreditar num amanhã melhor.
NOTÍCIAS DO COTIDIANO: DADOS SOBRE A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO ESPÍRITO SANTO
20 DE NOVEMBRO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA
Dia de reflexão sobre o racismo
OS SETE ATOS OFICIAIS QUE DECRETARAM A MARGINALIZAÇÃO DO POVO NEGRO NO BRASIL
Mais alguns Conceitos para o Estudo de Políticas Públicas em Raça - Some more Concepts for the Study of Public Policy in Race
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
O desempenho de cotistas na UFBA
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Infelizmente ainda estamos longe da democracia racial no Brasil ou no Espírito Santo, "OS JORNAIS" ainda vendem notícia da ascenção de uma pessoa negra, são duas situações: A primeira é que querem legitimar a pouca quantidade de negros ou negras em cargos de chefia e a segunda é a falta de Política Públicas para retratar danos históricos e diminur as distâncias raciais
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
domingo, 9 de outubro de 2011
Violência contra Homossexuais (Câmara dos Deputados)
Pesquisas mostram aumento da violência contra homossexuais
http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/DIREITOS-HUMANOS/151535-PESQUISAS-MOSTRAM-AUMENTO-DA-VIOLENCIA-CONTRA-HOMOSSEXUAIS.html
Agressões causadas por homofobia, como as ocorridas em São Paulo e no Rio de Janeiro nas últimas semanas, estão longe de constituir casos isolados. Algumas pesquisas registram mais de 200 assassinatos de homossexuais por ano no País. Somados todos os tipos de agressão somente no Rio de Janeiro, de junho do ano passado até agora, já foram registradas 776 ocorrências.
De acordo com o superintendente de Direitos Individuais e Coletivos da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do estado, Cláudio Nascimento, os dados permitem fazer uma projeção segundo a qual o número de casos de discriminação da população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) atinge entre 10 mil e 12 mil por ano no País.
Conforme relatou o superintendente, desde junho do ano passado o Rio de Janeiro começou a utilizar a homofobia como motivo presumido de violência, com o objetivo de ter estatísticas oficiais sobre esse tipo de crime. O sistema, relatou, foi implantado em 132 delegacias do estado.
Os dados foram apresentados nesta quarta-feira durante o seminário Assassinatos praticados contra a população LGBT, organizado pelas comissões de Legislação Participativa e de Direitos Humanos e Minorias.
Notícias sobre a violência
De acordo com o antropólogo e professor emérito da Universidade Federal da Bahia, fundador do Grupo Gay da Bahia, Luiz Mott, o mais preocupante é que o registro de violência contra a população LGBT vem aumentando ao longo dos anos. “Nunca se matou tanto homossexual no Brasil quanto agora”, afirmou.
De janeiro a novembro deste ano, o pesquisador já contabilizou 205 assassinatos entre a população LGBT no País. Mott, que faz o levantamento desse tipo de crime desde 1960, relatou que, entre 1960 e 1969, foram 30 ocorrências; na década seguinte, chegaram a 41. De 1980 a 1989, o número de registros chegou a 369; saltou para 1.256 nos anos 90 e atingiu 1.429 casos na primeira década deste século.Na média, entre 1995 e 2002, Mott chegou ao índice de um assassinato relacionado à homofobia a cada 2,9 dias. Já entre 2003 e 2010, o número de crimes chegou a um a cada 2,3 dias.
O levantamento, conforme explicou, foi realizado com base em notícias de jornais. Assim, ele acredita que a violência é ainda muito maior que a constatada em seus estudos. “Na verdade não é um assassinato a cada dois dias, todos os dias pelo menos um homossexual é assassinado”.
Jornais também foram a fonte da pesquisa Crimes Homofóbicos no Brasil: Panorama e Erradicação de Assassinatos e Violência Contra LGBT, realizada por Osvaldo Francisco Ribas Lobos Fernandez. No estudo, chegou-se a 1.040 mortes de homossexuais entre 2000 e 2007.
Fernandez também ressaltou que esse número refere-se apenas aos casos de maior repercussão. “A cada 66 horas foi publicada uma reportagem sobre o assassinato de um gay, e provavelmente os números são muito mais altos”, reforçou.
Urbanista e pesquisador associado ao Nugsex Diadorim, Érico Nascimento ressaltou que, quase sempre, as agressões ao público LGBT são praticadas por mais de uma pessoa. “Há casos em que um homossexual é vítima de 18 agressores; um presidiário chegou a ser atacado por mais de 100 detentos e morreu”, exemplificou.
Impunidade
O presidente da Comissão de Legislação Participativa, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), ressaltou que das mortes registradas no ano passado, “menos de 10% tiveram prisão ou responsabilização criminal dos assassinos”.
Para o deputado, diante dessa realidade, faz-se necessário, “mais que em qualquer outra circunstância”, realizar uma grande campanha de mobilização pela aprovação do projeto que criminaliza a homofobia, em análise no Senado. “Temos consciência de que uma lei, no primeiro momento, não vai mudar a cabeça das pessoas, mas vamos reduzir a impunidade”, defendeu.
Criminalização do preconceito
Duas mães de jovens vítimas de violência devido à homofobia também reivindicaram a aprovação da proposta. Angélica Ivo, mãe de Alexandre Ivo, jovem de 14 anos assassinado no Rio de Janeiro em junho deste ano, argumentou que “ninguém tem de tolerar ninguém, temos que conviver bem com a diversidade, com respeito à vida. Algo emergencial deve ser feito”.
Viviane Marques, mãe de Douglas Marques, baleado no Parque Garota de Ipanema (RJ) no último dia 14, segundo disse, por militares, também defende a aprovação de uma lei específica contra esse tipo de crime. “As pessoas têm que ter liberdade de ser quem são. Está complicado ser livre neste País”, sustentou.
Mobilização
O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) cobrou mais mobilização dos movimentos de defesa dos homossexuais. Sem isso, na opinião do deputado, dificilmente o Parlamento vai aprovar conquistas para a categoria. Segundo Alencar, “a maioria dos parlamentares não têm nenhum compromisso com os problemas levantados nesse debate”.
O antropólogo Luiz Mott aconselhou a população LGBT a mobilizar-se. “Uma medida simples, que qualquer um pode acionar, é cada vez que encontrar uma notícia ou manifestação homofóbica mandar uma cartinha desconstruindo esse monstro que é a homofobia”, disse Mott, que também é autor do livro Violação dos Direitos Humanos e Assassinatos de Homossexuais no Brasil.
Reportagem - Maria Neves
Edição - Regina Céli Assumpção
MOVIMENTO DE MULHERES NEGRAS
Por Maria da Penha Gaspar Pereira
No contexto de organização do movimento negro brasileiro não podemos nos esquecer do importante papel assumido pelas mulheres negras e suas organizações.
Apesar das transformações das condições de vida e papel das mulheres em todo o mundo, em especial a partir dos anos de 1960, a mulher negra continua vivendo uma situação marcada pela dupla discriminação: ser mulher numa sociedade racista, machista enegra numa sociedade racista.
Feministas negras costumam refletir. Algumas que asituação da mulher negra no Brasil, apesar dos avanços, ainda tem muito que muda. A mulher negra, que período escravista, atuava como trabalhadora forçada, após a abolição, passa a desempenhar trabalhos braçais, insalubres e pesados. Essa situação ainda é a mesma para muitas negras no terceiro milênio.
Mulher negra tem sido aquela que cuida da casa e dos filhos de outras mulheres para que estas possam cumprir uma jornada de trabalho fora de casa. Sendo assim, quando falamos que a mulher moderna tem como uma da sua característica a saída do espaço domestico, dacasa para ganharo espaço publico da rua, do mundo do trabalho, temos que pondera que, na vida e na história da mulher negra,a ocupação do espaço público da rua, do trabalho fora de casa já é uma realidade muito antiga.
A compreensão e sensibilidade para com a história específica das mulheres negras nem sempre ocupam a atenção do movimento negro de um modo geral e nem do movimento feminista. Isso levou as mulheres negras a questionarem a ausência da discussão do gênero articulada com a questão racial dentro do movimento feminista e do movimento negro e a iniciarem uma luta específica. É assim que começa a se organizar o movimento de mulheres negras que hoje, conta com vários tipos de entidades, em diferentes lugares do Brasil, com tendências, concepções políticas e atuação variadas.
As mulheres negras também se organizam em Organizações Não-Governamentais(ONG’s) e têm realizado vários trabalhos de denúncia contra o racismo, cursos, palestras, projetos e debates sobre: educação sexual, saúde produtiva, doenças sexualmente transmissíveis, concepção e nascimento, doenças étnicas, direitos humanos, educação, entre outros.
Para refletir um pouco mais sobre a situação de mulher negra no Brasil, vamos ler dois artigos da mulher negra, escritora e feminista Alzira Rufino, fundadora da Casa de Cultura da Mulher Negra (Santo-SP) e editora da Revista Eparrei..Esses artigos publicados em 2003, nos ajudam a entender um pouco da história das mulheres negras e de sua luta em prol de uma maio igualdade de gênero, social e racial.
Munanga, Kabengele, Gomes Lino, NilmaO Negro no Brasil Hoje. São Paulo: Global, 2006 – (coleção para entender)
Avanço das Mulheres. Que Mulheres?
Décadas de avanço no status das mulheres em todo o mundo e no Brasil, e a mulher negra continua associada às funções que ela desempenha na sociedade colonial imediatamente após a abolição. É, em sua maioria empregada doméstica, a lavadeira, faxineira, a cozinheira. É a trabalhadora que saiu dos trabalhos forçadosdo escravismo diretamente para os trabalhos braçais. Mais insalubres mais pesados, nesta virada do terceiro milênio.
As estatísticas mostram os avanços dasmulheres no Brasil. O censo de 1980 mostra em que profissão há maior concentração feminina: empregada doméstica, secretárias, professoras, vendedoras/balconista e enfermeiras.
Uma década depois em 1990 existem cerca de trinta mil altas executivas, as mulheres eram 62% dos profissionais de Medicina, 42% dos diplomados em Direito, 19% na Imprensa, ocupando 2.301 cargos de juízes no Judiciário.
Basta no entanto, percorremos esses espaços de decisão ocupados pela mão-de-obra feminina para constatarmos que a maioria das mulheres negras não está lá, está ainda nas funções tradicionais, ou seja limpando a sala da diretori, da médica, da advogada, da redação dos jornais, dos tribunais, em resumo, limpando a sala das decisões.
Enquanto as mulheres brancas estão rompendo estereótipos e atingem números significativos em áreas antes restritas aos homens, as mulheres negras ainda têm que lutas para ter acesso a funções como secretáriasou recepcionistas, ocupações tidas como “feninas”, mas que podem ser melhos descritas como “femininas e brancas.”
Mesmo com diploma de curso universitário, poucas mulheres negras conseguem exercer a profissão para qual estudaram arduamente. Não são tão raros os casos em que tem que continuar trabalhando como empregada domestica e faxineirasapesar de terem o curso superior. Aliás, as trabalhadoras domésticas são negras, em sua maioria, e é fácil perceber o porquêda lentidão no reconhecimento de seus direitos trabalhista e por que apenas 1/3 tem carteiraassinada. Mesmo com a implementação da Lei recentemente ainda algumas empregadoras se omitem a reconhecer os direitos dessas trabalhadoras.
(Alzira Rufino. Avanço das mulheres. Que mulheres? Eparei. Santos n4, ano II, p.12-13)