segunda-feira, 25 de julho de 2011

Estudo do Cotidiano por Maria da Penha



ESTUDO DO COTIDIANO
Pesquisa realizada no dia 23 de Julho de 2011 confirma que a cor da pele ainda interfere na vida das pessoas.

Segundo o ESTUDO DO IBGE:
63% dos brasileiros entrevistados acreditam que cor ou raça influenciam na vida.
66,8 das mulheres diziam que cor ou raça influenciam contra a 60,2 dos  homens.
67,8% dos jovens com idade entre 25 e 39 Anos  e 67,2% seguido por ´pessoas na faixa etária de 15 a 24 anos também têm a mesma percepção.
IDENTIFICAÇÃO
96% dos entrevistados(as) afirmam saber a própria cor ou raça. As cincos categorias de classificação do IBGE  (BRANCA. PRETA, PARDA, AMARELA, E INDÍGENA) além dos termos morena ou negra forma utilizadas pelos entrevistados(as). 
74% dos(as) entrevistados(as) responderam que o fator preponderante para identificar a sua cor ou raça é a cor da pele.
62%  dos entrevistados(as)responderam que a origem familiar também é analisada; e, para 54% traços físicos atuam na formação da raça.
Fonte: IBGE

PRÉ VEST ELIMU

PRÉ VESTIBULAR POPULAR
O Pré Vestibular Elimu é voltado para população afro descendente e carente originária de bairros periféricos e tem como desafios romper as barreiras que impedem o acesso das camadas mais pobres da população ao ensino superior  com apoio de professores voluntários.

PRÉ VESTIBULAR ALTERNATIVO
          Uma experiência do Movimento Negro que surge na Bahia no final da década de 80.
         Surge no Espírito Santo através de uma experiência do EDUCAFRO – Educação e Cidadania de Afros Descendentes e Carentes no Rio de Janeiro no ano de 2000 á 2004 juntamente com o Grupo de Jovem da Igreja Católica. 
A grande idéia de ser um espaço voltado preferencialmente para a população negra surge através de uma reunião na Salesiana juntamente com o Pré vestibular para alunos carentes que acontecia na Paróquia Nossa Senhora das Graças em Jucutuquara, com a presença de representantes de outros pré-vestibulares da grande vitória e o convidado era o Frei Davi que trazia essa novidade para a reunião sobre o Educafro – Educação e Cidadania para Afros descendentes e Carentes, uma experiência do Rio de Janeiro onde existiam mais de 60 cursos na época com mais de 2 mil estudantes. Em São Paulo, em 1997 começou com três salas e ao longo do tempo esse número foi aumentando, onde estudam jovens e adultos. Esses grupos almejam o ensino gratuito. “Os estudantes pobres não tem como pagar o cursinho convencional e sem preparo acabam perdendo as vagas nas universidades públicas “, e assim o sonho fica mais distante, pois os mesmos não têm dinheiro para as mensalidades das escolas particulares. A Educafro congrega a maior parte dos núcleos em São Paulo. Os espaços são cedidos por igrejas, escolas, sindicatos ou entidades de bairros, os professores são voluntários e os próprios alunos são coordenadores e responsáveis por arrumarem o local e professores através de propaganda nos bairros. Cada núcleo recebe um nome de referencial histórico em relação à luta do povo negro. Os núcleos da Grande Vitória receberam o nome de CHICO PREGO E ELIZIÁRIO, em homenagem aos líderes da REVOLTA DE QUEIMADO local que foi palco de um grande cenário de luta de escravizados do ES, ANGELINA REIS referente a uma mulher negra serrana, poetisa que se alfabetiza aos 60 anos e com apoio do Movimento de Mulheres da Serra escreve um livro e KISILE referente ao grupo afro de Jacaraipe.
Esse trabalho conta com apoio do CDDH - Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Serra.


O que faz a diferença do Educafro para outros pré-vestibulares são as aulas de cultura e cidadania. Nessa matéria os alunos discutem questões como racismo, gênero, raça, orientação sexual, políticas públicas, violências e direitos constitucionais. a proposta maior  e encarar o desafio de trabalhar nos núcleos a questão do negro(a) na sociedade brasileira em relação ao ensino superior da inserção para ascensão.
    
Grande Vitória, Sul do Estado e Norte em Jaguaré
Após essa reunião com as orientações de Frei Davi, os representantes dos núcleos da Grande Vitória marcaram uma conversa e apenas parte do grupo resolveu aceitar a proposta da Educafro, que foi o núcleo de Jardim América, Jacaraípe e Carapina. Resolvemos seguir a mesma ideologia do Educafro e os demais não aceitaram pelo fato de ter a temática racial, achavam melhor trabalhar só a questão social sem tocar na racial porque dessa forma iria dar preferência para a raça negra, eles não achavam certo. Alguns tempos depois a Região Sul do estado resolveu aderir ao nosso trabalho: Piuma, Anchieta, Inconha e outros. No Norte Jaguaré também iniciou o trabalho        

A CONSCIÊNCIA EM PROCESSO
A palavra consciência é muito empregada entre aqueles que questionam o mundo e se empenham na luta pela sua transformação. O que é, no entanto, esse conscientizar  de que tanto se fala?
Para nós, a atividade conscientizadora do educador consiste em contribuir para que o educando construa, na sua mente, uma representação de si mesmo e do mundo do qual é parte. Representar-se, no interior de nossa visão, é desvelar criticamente o sentido de sua presença no mundo e entre os homens. Representar o mundo é ter clareza de sua circunstância pessoal e dos nexos que a ligam à totalidade mais ampla do social.
Nossa proposta pedagógica concebe a formação da consciência indissoluvemente ligada ao mundo do trabalho. Reconhecemos na atividade produtiva do homem a matriz e a base da formação da consciência crítica e transformadora das relações sociais. Assim, para nós, a consciência do mundo, numa sociedade de classes, assumirá sempre o conteúdo e a forma de uma consciência de classe.
 ·         A consciência reflete o mundo: a esse momento corresponde uma atividade de busca e aquisição de conteúdos para a conscientização, uma atividade exploratória por meio da qual educando e educador perscrutam a circunstância que os envolve, buscando reter aqueles aspectos mais significativos, capazes de possibilitar uma posterior elucidação do mundo. Trata-se do momento da eleição dos temas que servirão de ponto de partida do processo de conscientização;
·         A consciência compreende o mundo: a contribuição do educador para que o educando ascenda da simples apreensão e da interpretação ingênua do mundo à sua compreensão, é através do diálogo, da reflexão conjunta, distinguir os nexos entre os conteúdos. É o momento de relacionar isto com aquilo e aquilo com aquilo outro. Esse exercício solidariza a visão da circunstância, dispensa e atomiza nos escaninhos, nos departamentos, nos compartimentos de uma visão fragmentada do real;
·         A consciência significa o mundo: significar o mundo é assumir diante dele uma atitude de não-indiferença, é atribuir-lhe um valor. Um valor que não seja imposto de fora ao educando, mas que seja extraído por ele mesmo de sua própria experiência de vida. E a partir daí, diante do quadro de sua circunstância pessoal e social concreta, que ele poderá afirmar: “isto nos interessa”, “isto não nos interessa”, “isto e bom”, “isto é mau”, “isto nos serve”,’aquilo serve a nossos opressores’.
·           A consciência  projeta o mundo: projetar o mundo é atribuir um sentido aos acontecimentos do dia-a-dia, de modo a que o nosso esforço seja capaz de encaminhá-lo numa determinada direção. Projetar o mundo é romper com o imediatismo, esse insaciável devorador de horizonte, e desdobrar a vontade transformadora no plano da temporalidade. Num certo sentido, um projeto é sempre a memória de coisas que ainda não aconteceram, mas cuja possibilidade se acha inscrita no seio do presente. Projetar o mundo, para o educando, é uma atividade revestida de um duplo caráter:  um projeto de vida pessoal e um projeto mais amplo, relacionando ao exercício do papel de cidadão trabalhador numa sociedade de classes;
·         A consciência preside à transformação: esse é o momento supremo, a consumação mesma do processo de conscientização. É quando o educando passa a agir sobre sua circunstância tendo como suporte de sua atuação a compreensão da realidade e os valores que elegeu a partir dessa compreensão da realidade e os valores que elegeu a partir dessa compreensão, e tendo como bússola o seu projeto que nasceu da sua atividade crítica (a confrontação entre o “ser” e o “dever ser”) sobre o movimento da realidade onde ele está inserido.

          INSTITUTO ELIMU PROFº CLEBER MACIEL 

  ELIMU –  termo que significa: conhecimento, ciência, sabedoria e instrução. De origem  Africana da Língua Swahili que originou o Banto, tipo de língua que prevaleceu entre os negros do Quilombo de Palmares e na Região Sudeste do Brasil.
         Em 2004 acolhe o Educafro
         Mantém a mesma filosofia de trabalho

Em 2004 Frei Davi  procura a coordenação e diz que não está bem de saúde e não conseguir dar dar mais o suporte para o Estado do Espírito Santo e  orienta em juntar-mos com um outro pré-vestibular ou criar um próprio nosso. Naquele momento foi muito difícil porque estávamos com pouca gente na coordenação para dar conta. Várias pessoas já estavam no curso superior através de bolsas ou aprovações na universidade pública e não tinham condições de assumir uma diretoria do pré-vestibular, foi quando nós procuramos o Instituto Elimu e colocamos a proposta para eles de nos acolher, e eles aceitaram com louvor e com isso de Educafro passamos a nos identificar como Pré vest Elimu

         Manter a mesma ideologia do Educafro.
         Despertar nos alunos o exercício da cultura e cidadania e diversidade racial, contribuindo para uma construção de uma consciência crítica sobre a verdadeira história do negro no Brasil.
         Fomentar para que surja agentes promotores de cidadania com uma formação sócio-política voltada para a promoção da igualdade na diversidade.

         Resultados –
         Alunos aprovados na Universidade Federal do Espirito Santo, Escola Técnica e Faculdade Uniest de Cariacica , Prouni e Nossa Bolsa, sendo um total de 60 alunos encaminhados e alguns já formados por três núcleos:  

         Chico Prego – Carapina no CDDH Centro de Defesa dos Direitos Humanos
         Eliziário – Novo Horizonte – Escola de Ensino Fundamental CAIC
         Angelina Réis – Feu Rosa – Escola de EFM – Feu Rosa

O trabalho em Educação Popular ou Educação Alternativa tem avançado bastante de uns tempo para cá. Em várias parte do país e no Espírito Santo e em outras regiões, este segmento educacional principalmente de recorte racial também não tem permanecido estagnado. Os pré vestibulares alternativos emanaram de movimentos sociais, e desta forma não  foi diferente com o Pré Vestibular Elimu, onde na sua formação se mantem as normas do Educafro onde se evidenciam várias experiências vitoriosas  através da Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo, embasadas no Movimento Negro, onde um dos principais objetivos é desenvolver um trabalho educacional com os negros e afros descendentes carentes para oportunizá-los o acesso ao ensino superior, principalmente as universidades públicas com uma formação a mais que são as aulas de cultura e cidadania.
Hoje este pré-vestibular já não é mais Educafro, passou a ser conhecido como Pré Vest Elimu mas continua com a mesma ideologia nas formações e estrutura. No Norte do Estado não se encontra mais em Jaguaré e sim no Município de São Mateus, na Serra se mantem o de Carapina, Novo Horizonte e o mais recente é o de Feu Rosa. Esse trabalho tem uma função especial a de construir uma sociedade mais justa, solidária e democrática.
O Elimu desta forma instaura medidas concretas de promover a participação social de grupos desfavorecidos e tem trabalhado com principais instrumentos de difusão do ideário antirracista, com particular ênfase na crítica ao método da democracia racial em nosso país.
Um dos principais objetivos desse trabalho é contrapor a um projeto político pedagógico conservador, excludente imposto em nosso país, onde o cidadão(a) negro(a) é o mais prejudicado e por isso não consegue acompanhar o Sistema Neo Liberal que comanda o nosso país e não oportuniza de fato uma camada da população de ficou esquecida ao longo da historia do nosso Brasil.

                                                            Viva Zumbi
Por Maria da Penha


Referência:
Barreiro, Júlio: Educação Popular e Conscientização, Petrópolis  - RJ: Vozes, 1990 
Medeiro, Ricardo:   Pequisa revela um país rico em preconceito - Jornal A GAZETA , 23 de Julho de 2011  ,capa, pagina 5

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