Por Marília Ribeiro de Oliveira
Não tem como negar, a violência contra a mulher esta ganhando grandes proporções que vem sendo motivo de grandes debates em nossa sociedade. De todas as formas busca-se acabar com este mal, fortalecendo as políticas públicas para proteção da mulher, através de leis e equipamentos públicos capazes de atender a mulher vítima de violência doméstica. Mas, ainda não alcançado de forma suficiente para o combate efetivo.
A cada dia vemos estampado em jornais, notícias que trazem a mulher como vítima de uma brutalidade sem sentido e sem necessidade. Notícias que falam de casos de brutalidade pelo menor dos motivos, aqueles mais fúteis e que poderiam ser resolvidos a partir de uma simples conversa.
Veja alguns exemplos noticiados pelo Jornal A Tribuna/ES:
· 20/09/2011 – Garota cansa de apanhar e mata o marido a facadas: por ciúmes, marido agride jovem de madrugada e na tentativa de se defender ela pega faca e desfere uma facada no pescoço dele. Destaco que o marido havia sido detido há um mês pelo mesmo motivo: violência contra a mulher.
· 02/10/2011 – Professora denuncia marido por agressão: professora de 29 anos, casada há 03 anos com um instrutor de auto-escola, sem filhos. Após discussão por ciúmes da mulher, o marido exaltado e nervoso agride a esposa e a arrasta pelo braço até o banheiro, apertando o seu pescoço. A mulher grita e o marido a solta. Após o ocorrido a mulher aciona a polícia e o marido é detido no local sendo conduzido à delegacia para responder por lesões corporais.
· 09/10/2011 – Mulher não aceita fazer jantar e é morta: uma mulher de 55 anos de idade, casada há 11 anos com homem de 58 anos, sem filhos. Relação já abalada há cinco anos, vivendo em constante clima de ofensas pessoais, se desentendem e brigam por que marido pede que a mulher faça o jantar e ela se recusa, jogando a carne que ele comprou no chão. Levando assim, o marido a um momento de fúria, na qual ele mata a mulher com duas facadas.
Esses são apenas alguns exemplos, mas quem tem o costume de ler jornal acaba que quase diariamente fazendo leitura de notícias policiais que envolvem algum tipo de violência doméstica. Notícias que falam do desamor e desrespeito existente entre homens e mulheres, onde conversas parecem não ser mais o meio para resolver qualquer tipo de conflito familiar, onde atos de carinhos são substituídos por socos, porradas, xingamentos e humilhações. Não havendo limites para os atos de violência doméstica, ocorrendo em razão da imposição dos homens sob as vontades das mulheres. Em muitos casos sendo entendido como uma forma que o homem encontrou de querer mostrar-se superior as mulheres através da força física ou mental.
A violência não se limite a um ambiente, ela pode estar presente em qualquer tipo de classe social, independente de ser pobre ou rico e também não se detém a nenhum tipo de grau de escolaridade. É fato que ainda não há definição de um cenário específico com maior ocorrência de atos violentos contra a mulher. Ainda nos deparamos com uma população feminina que teme muito o seu agressor e por isso se escondem e omitem a violência que sofrem deixando impune aquele que deveria estar cumprindo algum tipo de pena pelas atitudes de violência que exerce contra a mulher.
As mulheres em sua grande maioria temem não só o agressor, mas temem as conseqüências da denúncia. Muitas não têm profissão, vivem o seu dia a dia exercendo atividades do lar, cuidando da casa e dos filhos. Por isso, acabam temendo que a vida fique mais difícil sem o homem, pois, logo a mulher pensa em como irá pagar as contas, como irá criar os filhos sozinha, como a família e os vizinhos irão vê-la, além de que muitas mantêm um laço forte de amor com o agressor, que pelo medo de perdê-lo preferem deixar tudo do jeito que está. O fato da dependência financeira e emocional acaba pesando e faz com que a mulher prefira viver no sofrimento, acreditando que o companheiro/marido irá mudar.
De tudo que possa ser dito, é fato que a mulher que sofre violência perde sua autonomia, liberdade, independência e auto-estima, ela teme a tudo e a todos. Tem medo de encarar a vida e os problemas de frente. Se sentem sozinhas, envergonhadas, como se estivessem em um beco sem saída. Muitas se abrem com amigas e familiares, mas a grande maioria não tem coragem de fazer a denúncia.
Nos exemplos citados, podemos imaginar várias soluções para os casos, como a separação e a conversa franca e aberta. Essa visão é de quem esta de fora da relação e de todo o contexto familiar, pois, quem esta vivendo a situação tem grande dificuldade de enxergar soluções práticas e viáveis, tem dificuldade em tomar um posicionamento de se libertar do outro de forma na qual cada um possa viver a sua vida.
Com as políticas públicas existentes em nosso país voltadas para as mulheres podemos dizer que tivemos um grande avanço em combater essa manifestação de relação de poder entre homem e mulher, mas ainda precisamos avançar mais e criar meios mais eficazes e eficientes que tragam realmente a credibilidade de um serviço de proteção à mulher que tem a coragem de denunciar. Pautar as ações em ações de crescimento do sexo feminino, visando a autonomia, a elevação da auto-estima e o respeito de si mesma, com o intuito de que assim, as denúncias sejam realmente feitas.
Referências:
HEILBORN, Maria Luiza; ARAUJO, Leila; BARRETO, Andréia (Orgs).Gestão de políticas públicas em gênero e raça/GPPGR: módulo 2.Rio de Janeiro: CEPESC;Brasília: Secretaria de Políticas para as Mulheres, 2010.
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