Título:
Estruturação do Sistema de Cotas Raciais
no Sistema IFES: uma proposta a partir do campus Colatina
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Identificação Institucional:
Localizada na
cidade de Colatina a autarquia federal IFES (Instituto Federal de Ciência e
Tecnologia do Espírito Santo) oferece Ensino Técnico e Tecnológico em
diversas modalidades, áreas e níveis. Do ensino fundamental à pós-graduação,
sendo palco de instrumentação profissional de gerações de trabalhadores,
possui ligação com diversas políticas de Estado e Governo que vão do PROEJA
ao Mulheres Mil. O campus Colatina localizado em área de periferia, sempre
esteve comprometido com políticas e ações com foco na formação e
compreendendo a necessidade de avançar na construção de políticas que visem a
igualdade racial da nação, e percebendo que a profissionalização dos
trabalhadores é suficiente instrumento de gestão da igualdade, faz elaborar
este projeto aos cuidados do professor Diemerson Saquetto.
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Justificativa:
Desigualdades Raciais na Educação: O
Brasil cresceu economicamente, todavia enfrentou muito tardiamente os
problemas dos índices de escolaridade. Estigma que é mais evidente quando
comparamos as taxas de analfabetismo da população branca em 2008 (6,2%) e as
mesmas taxas em indivíduos negros (13,2%) e pardos (13,5%). Índices
correlatos à permanência na escola e que estão diretamente associados à
dificuldade de retorno, e assim as dificuldades de empregabilidade formal. É,
entretanto, notório que os índices de acesso ao Ensino Superior aumentaram
para os negros graças às políticas de inclusão (cotas raciais e cursinhos
preparatórios) diminuindo desigualdades. Faça-se perceber, todavia, que há
muito a se fazer.
Desigualdades Raciais no Mercado de
Trabalho: Analisando-se os quesitos de autonomia e realização de status,
coloca-se o mercado de trabalho como lócus privilegiado para a percepção das
metamorfoses discriminatórias. As taxas de desemprego são claramente maiores
nas populações negras e pardas, assim como nestes a média de anos de estudos da
população ocupada é muito menor. O que fica evidenciado é que existe uma
concentração desproporcional de negros em setores da produção manos
qualificados e assim por constituírem ocupações de caráter mais manual, são
mais mal remunerados. E mesmo os negros com condições melhores de acesso às
ocupações mais privilegiadas, as barreiras são as de obtenção das mesmas
posições de hierarquia que brancos.
Quanto aos
níveis de desemprego em 2008, também apresentados pelo IBGE, nas populações
negra e parda são de respectivamente 9,7 e 8,0%, bem maiores que na população
branca de 6,4%.
Como professor
do ensino profissionalizante e superior deste país, estar diante dos dados
sobre a educação e o mercado de trabalho e com seus níveis de desigualdade
racial, e gênero, de modo tão claramente óbvio, percebemos a letargia
histórica que vilipendiou e saqueou barbaramente o direito de acesso e
permanência com sucesso a alunos e alunas negras à educação de qualidade. As
políticas de inclusão educacional não devem, a meu ver, estar associadas
apenas ao ensino superior, mas abranger as redes de ensino técnico e
tecnológico. Redes de discussão destas políticas devem ser discutidas para em
fim serem ampliadas, a fim de garantir empregabilidade de qualidade em todos
os níveis e tendo acesso a populações mais afastadas das carteiras escolares
em políticas como o PROEJA (a educação de jovens e adultos associada à
educação profissional e tecnológica) e aos cursos de tecnologia e
profissionalização (cursos técnicos integrados e concomitantes e cursos
superiores de tecnologia). Observar dados frios deve aquecer a percepção de
profissionais para a dura realidade de lutar em prol da garantia de direitos
fundamentais incontestes como é a educação.
É
autojustificável a necessidade de implantação do sistema de cotas raciais
também no sistema Técnico, a exemplo do Superior.
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Objetivo da ação:
Geral:
Estruturar e
Implementar o Sistema de Cotas Raciais na Rede de Educação Federal de Ensino
Técnico e Tecnológico do Estado do Espírito Santo (IFES) ;
Específicos:
Organizar
fóruns de debate Institucional entre Pró-reitorias e os diversos campi a fim
de possibilitar uma ampla rede de discussões com os movimentos sociais e
raciais a fim de encampar o Sistema no IFES;
Criar uma
Coordenadoria de Diversidades e Inclusão no Instituto vinculada à
Pró-reitoria de Extensão e à Pró-reitoria de Ensino para encampar assuntos
como: Inclusão e currículo; Raça, Gênero e processos sócio-educacionais;
Formação Continuada de Servidores.
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Metas/Produtos:
Sensibilizar a
população, inclusive de
servidores, sobre a necessidade de ações afirmativas que aumentem a oferta de
vagas para alunos segregados pelo quesito raça à formação e ao mercado de
trabalho.
Implementar
Colegiado perene de assuntos ligados a Diversidade à Rede.
Buscar
parcerias com a Sociedade Civil organizada, ampliando e possibilitando um
processo de gestão educacional de fato democrática.
Oferecer uma
alíquota de vagas/concurso para candidatos negros.
Avaliar
perenemente a política, inserção, acesso e resultados, visando não apenas
oferecer entrada no Instituto, mas permanência e sucesso.
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Público-alvo:
A População
Negra e Parda, que será beneficiada pelo sistema de cotas raciais na Rede de
Ensino Técnica e Tecnológica, assim como toda a rede de funcionamento do
IFES, em especial, a comunidade escolar.
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Metodologias e estratégias da ação:
Formar junto à
Pró-reitoria de Ensino e à Pró-reitoria de Extensão, responsáveis diretas
pelas políticas de Inclusão, da criação de um GTI (Grupo de Trabalho
Institucional) para a discussão e o estudo da ampliação das políticas de
acesso da Rede IFES aos alunos negros, a fim de garantir o princípio de
isonomia educacional tecnológico, uma vez que já possuímos correlatos legais
e funcionais na rede superior;
Buscar dados concretos
sobre os outros IF’s se já possuem tais iniciativas.
Verificar com
os índices de entrada nos diversos campi do Estado, as questões raciais,
envoltas.
Incluir os
movimento sociais, de especial modo os de luta pelos direitos negros e os
movimentos sociais em prol da inclusão e os de educação, a fim de justificar
o fórum com a participação da sociedade civil.
Gerenciar a
criação da Coordenadoria de Diversidade e Inclusão junto à rede IFES-Reitoria
com núcleo fixo composto por representantes de todos os campi e da Sociedade
Civil, a fim de que se construa um plano sólido para o programa de cotas e de
outras medidas como a parceria da Coordenação de Serviço Social que gerencia
os programas de bolsas, os Núcleos de Atendimento à Alunos com Necessidades Educacionais
Específicas, e os representantes da Setec-regional (Secretaria de Educação
Técnica e Tecnológica - representante junto ao MEC).
Por fim em um
ano de trabalhos, incluir juntos aos editais de seleção o Programa de Cotas
Raciais da Rede Federal de Educação Técnica e Tecnológica (IFES).
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Cronograma/Prazo:
Para planejamento: 10 meses a contar
a partir da efetiva criação do fórum de discussões e do Grupo de Trabalho
Institucional (GTI); e 6 meses a
partir da criação da Coordenadoria de Diversidade e Inclusão.
Para execução: Com os trabalhos do
fórum e GTI findos, 2 meses para a publicação do edital de seleção com o
Programa de cotas incluso e o respectivo processo seletivo realizado.
4 anos de
trabalho para avaliação do programa, como dados de egressos, evasões e
programas de bolsas. Em fim para a estruturação definitiva.
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Sustentabilidade:
Mediante os
resultados de avaliação, os indicadores responderão sobre a continuidade ou
não do sistema. A hipótese é de que o programa fique ativo durante um prazo
determinado de 20 anos.
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Detalhamento dos Custos:
Políticas de
Bolsas já implantadas pelo governo.
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Declaração de Contrapartida:
Recursos
Humanos e Orçamentários próprios.
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Declaração de Adimplência: (trata-se
autarquia federal)
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Somos um grupo de estudantes da Pós-graduação em Gestão de Políticas Públicas em Raça e Gênero (UFES). Com este blogfólio queremos apresentar de maneira acessível saberes e fazeres, memórias e desejos frente ao universo plural, social, e tantas vezes desigual que nos cerca. São membros colaboradores:Eudes da Silva Gomes, Ednéia Oliveira, Maria Dalva P. de Souza, Diemerson Saqueto e Marília Ribeiro de Oliveira.
domingo, 3 de junho de 2012
Projeto Básico de Implantação de Ação Afirmativa
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